Era dia na Colina Meio-Sangue, todos os campistas se levantavam de suas camas ao som da trombeta de caramujo, e era meu primeiro dia no Acampamento, foi muito rápido, em um momento estava em um show de minha banda no colégio, onde eu estava no último ano, no outro estava sendo levado por meu professor de Física, um baixinho que disse ser um sátiro (eu preferia o termo fauno, coisas que meus livros me acostumaram), e eu vim parar aqui no Acampamento, sendo reclamado logo depois com borboletas de várias cores me rodeando, me declarando filho de Psiquê. Ninguém achou mais estranho do que eu, o fato de um garoto que vestia preto, era metaleiro e tinha tatuagens em seu corpo, ser rodeado por borboletas coloridas e uma música suave sair de algum canto atrás de mim, devia ser influência de meu pai, que disse que minha mãe me teve e me deixou com ele e fugiu, neste dia ele disse que descobriu o heavy metal e ao invés de músicas de ninar ele cantava e tocava Kiss e Guns N’Roses para me fazer dormir.
Enfim, um de meus companheiros de chalé me acordou e me avisou que ao som da trombeta todos deviam se levantar e tomar rumo para o refeitório começar a maratona de treinos diários. Fiz uma refeição muito farta, mesmo tendo que queimar parte de minhas frutas para Psiquê, iria ser difícil me acostumar com toda essa cerimônia e treinos diários, preferia continuar com minha banda, “The Dark Revenge” estava a um passo de fazer um show pequeno em Manhattan.
Me levantei e segui alguns campistas mais jovens até a arena onde vi vários campistas experientes, e para baixar minha auto-estima, eram menores e mais novos que eu, e morrendo de medo de que vissem meu vexame com as adagas, fui até o boneco mais distante do movimento e fiquei lá dando golpes e fazendo cortes nos lados e investia no meio dele fazendo voar palha para todos os lados, e num soco derrubei a cebeça e com um chute, acertei no meio das pernas dele, no joelho.
Percebia algumas vozes na minha cabeça, algumas falando de mim, e outras pensando em algumas coisas que eu não posso contar, pois eram muito pessoais, e amorosas, em um dos poucos comentários que ouvi sobre mim, ouvi alguém falando de mim, “Que estúpido, não representa uma ameaça só veio para cá aos 19”, fiquei calado, e guiado pelo som do pensamento desse sujeito, mandei uma pedra telepaticamente acertar a cabeça dessa pessoa. Ela não descobriu quem foi,nem eu sabia quem era, mas o comentário dessa pessoa ficou marcado na minha mente por anos.